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Discutindo o desperdício dentro do seu prato

3 de Agosto de 2015

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A questão não é apenas o que você come. Mas como come. E o que faz com o que sobra.
 
Todos os anos, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) divulga um relatório chamado O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo . A edição 2015 mostra que, entre os países mais populosos, o Brasil é o país que teve a maior queda de subalimentados entre 2002 e 2014. O número agora é de apenas 3,4 milhões, uma queda de mais de 80% no total.
 
Com relação aos números absolutos, é claro que temos motivos para comemorar. Mas quando dizemos que, em todo o país, mais de 3 milhões de pessoas não se alimentam como deveriam e por muitas vezes mal têm o que comer, é impossível deixar de pensar que usar a palavra “apenas” é uma triste ironia.
 
O relatório, no entanto, revela outro número bastante alarmante: somos um dos dez países no mundo que mais desperdiçam comida. Cerca de 30% da produção agrícola são praticamente jogados fora na fase pós-colheita. Sabemos, obviamente, que as grandes empresas têm suas fatia de responsabilidade neste – veja a quantidade de comida jogada fora por dia em redes de supermercados ou mesmo ao final de uma feira livre.
 
Mas vamos te contar um segredo: VOCÊ também tem bastante responsabilidade nisso. Porque da porta da sua casa para dentro, também tem muita comida sendo jogada fora.
 
Para alguns especialistas, esta cultura do desperdício está diretamente ligada aos nossos hábitos de puro desespero na hora de comer, cravando cada garfada como se não houvesse amanhã, tratando cada refeição como uma corrida – espremida entre o compromisso das 12h30 e o das 13h apitando na agenda do smartphone. Não sentimos o sabor da comida. Logo, não sabemos qual é o ponto em que estamos realmente satisfeitos. E colocamos sempre e sempre mais comida no prato do que deveríamos.
 
Jan Chozen Bays, pediatra e professora de meditação de Oregon e autor do livro "Mindful Eating: A Guide to Rediscovering a Healthy and Joyful Relationship with Food" (Comer consciente: um guia para redescobrir uma relação saudável e prazerosa com a comida, em tradução livre), chama de “comer consciente” este processo contrário, de mastigar devagar, de prestar atenção nas texturas, de saborear verdadeiramente os alimentos.
 
Ela explica, em entrevista ao jornal The New York Times, que comer consciente não é uma dieta, e tampouco se trata de deixar de comer algo. É sobre experimentar a comida de uma maneira mais intensa – focando especialmente no prazer que ela proporciona. "Isso é uma antidieta", diz. "Que tal nos primeiros minutos da refeição, nós comermos em silêncio e realmente tentarmos desfrutar da nossa comida?", ela sugere. "É algo que tem que acontecer passo a passo”.
 
Uma alimentação consciente também passa pelas suas escolhas na hora de fazer as compras, evitando fazer tudo por impulso, driblando as promoções. É importante fazer uma lista do que você realmente precisa, dando uma paradinha na despensa e na geladeira antes de ir ao mercado. É realmente necessário comprar muito e estocar tanta comida – que você vai acabar não cozinhando e jogando fora?
 
Aliás, que tal fazer menos compras mensais e mais compras semanais? Frutas, laticínios, condimentos e demais produtos que passam rápido da validade fazem mais sentido de ser comprados à medida que forem necessários. Que tal trocar o grande hipermercado pelo mercadinho da esquina ou por aquela feira de bairro? Que tal tentar descobrir onde comprar alimentos que são produzidos por produtores locais, da sua vizinhança? É uma forma de prestigiar e ao mesmo tempo de diminuir o impacto da sua pegada ecológica (lembra que falamos sobre isso aqui?).
 
Na hora de cozinhar, também é importante ficar de olhos abertos. Evite preparar mais comida do que o necessário - lembra da dica do “olho maior do que a barriga”, que nossos pais sempre deram? Vale não só para a hora de comer, mas para a hora de cozinhar também. Talvez você queira preparar várias refeições de uma vez, para a semana inteira – e guardar tudo no congelador, apenas para reaquecer na hora de comer. Ajuda a economizar energia.
 
Sobrou comida no almoço? Não precisa jogar fora. Use a criatividade para o jantar – aquela sobra de frango pode virar uma canja, o feijão pode se tornar uma sopa e os legumes podem se tornar o recheio de uma panqueca, uma torta...
E por que jogar cascas, sementes ou bagaços fora? Use as suas frutas e legumes até o talo – literalmente. Todas as partes deles contêm vitaminas e nutrientes que são essenciais para a nossa saúde. Sabe a casca da banana? Consegue imaginar que dá para fazer um monte de coisas deliciosas com ela? Dá uma olhada depois do nosso “saiba mais” para ver o vídeo que ensina passo a passo como fazer um bife com casca de banana. É ver pra crer.
 
É bom lembrar sempre que cada um de nós é a primeira semente, o primeiro agente de mudança. Mudando a sua casa, mudando a sua despensa, a sua geladeira, o seu prato, você mostra um novo jeito de viver para as novas gerações. E para elas, vai ser tudo muito mais fácil – porque não vai ser um hábito a ser mudado. Vai ser o dia a dia, o lugar comum. Consumindo apenas aquilo que elas precisam. Sem exageros, sem excessos, sem desperdício.
 
Uma mordida de cada vez.
 
 
Saiba mais:
 
 
 

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